Victor RIbas


Bio

O melhor brasileiro na história da elite do surf mundial merece biografia, documentário, patrocínio vitalício. E não falo de homenagens em forma de estátua – como a que foi erguida em sua cidade natal, Cabo Frio – sem querer desmerecê-la.
Monumentos em bronze são frios, duros. Caem bem como tributo. E Vitinho está entre nós, vivo, dividindo o line-up com garotos que o sucederam na missão de defender o Brasil. Não está mais no WT, mas, antes de sair, abriu as portas e mostrou o melhor jeito de entrar.
Num momento em que o Brasil parece dar sinais de que terá fôlego para disputar os primeiros postos do WT por mais tempo, pode aproveitar para também rever o modo como sempre tratou seus ídolos. A maturidade impõe algumas obrigações: uma delas é a memória.
Então, vamos lá. Victor Ribas chegou ao posto de terceiro do mundo em 1999 da maneira mais inesperada que um surfista pode imaginar. Levantamento do site Datasurfe, do bom Gustavo Cabral Vaz, revela que, naquele ano, o brasileiro só passou do round 3 a partir da quinta etapa do ano. O segundo semestre foi mágico: vice em Fiji, terceiro em Huntington e na Barra, quinto no Japão, em Lacanau, em Hossegor e em Pipeline, e nono em Mundaka.
Se passasse mais uma bateria, teria sido vice-campeão do mundo, atrás apenas de Occy. Se mantivesse a performance do segundo semestre durante o ano todo, teria sido campeão.
Vitinho surfou 13 temporadas na elite, das quais quatro figurou entre os top 16 do mundo. Em 1995, terminou o ano no sexto posto, colocação pouco lembrada, mas que só dois brasileiros até hoje superaram – Fábio Gouveia e Adriano de Souza.
Em 1995, para alcançar o sexto posto, obteve sua sonhada vitória na elite – em Lacanau, disputando final contra Todd Holland. Chegou, ainda, à semifinal em Biarritz, às quartas na Barra e às oitavas em Bells, Marui e G-land.
Dez anos depois, aos 34 anos, faria a última final na elite. Em bateria de resultado contestado, perdeu para Damien Hobgood em Imbituba, num ano em que a final foi esquecida para a comemoração de mais um título mundial de Kelly Slater.
O resultado de Imbituba foi obtido 17 anos depois do primeiro pódio da carreira na elite da ASP. Ele ainda era um amador de 16 anos quando ficou em terceiro no Mundial da Barra.
Durante a carreira, também andou dentro dos tubos. Estão no currículo do surfista de Cabo Frio, além do quinto em Pipe e do nono em G-land, um fantástico vice em Tavarua e uma vitória no WQS de Fernando de Noronha.
Com o histórico de serviços prestados ao surf brasileiro, Vitinho não precisaria mais competir para ser bancado vitaliciamente por um patrocinador. Mas seu espírito é afeito a baterias e, enquanto, estiver em forma, vai estar de lycra, surfando contra o tempo e a sirene.
Victor Ribas merece mais que a nossa estátua; merece a reverência dos surfistas brasileiros.

Texto de: Tulio Brandão

SHAPER: RICARDO MARTINS






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